segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Rebeca me contou...

Às vezes o medo e o comodismo são nossos aliados em algumas situações que vivemos. Preferimos não encarar nossos "monstros", mesmo sabendo que uma hora ou outra este duelo será inevitável. Optamos pelo desconforto, pelo indesejado, mesmo tendo ciência do que podemos fazer para mudar.

A diplomacia é o segredo do bom-viver, e uma boa conversa conserta até o inconsertável. Precisamos aprender a fazer melhor uso de nossa mais valiosa ferramenta: a comunicação.

Acredito que a graça da vida está na plenitude de vivê-la como se não houvesse amanhã. Portanto não se acomodem no desconforto, não vivam sem realmente viver, pois nossa passagem é breve e nossas experiências são curtas e efémeras para deixarmos ir e vir de qualquer jeito. Vivam em plenitude esta experiência de ser uma Au Pair, que é única. E se alguma coisa estiver te incomodando, conversem! only you can change it!

Rebeca viveu uma situação interessante, e resolveu compartilhar conosco:

"Bom, desde que cheguei aqui nos Estados Unidos e iniciei minha vida de Au Pair, percebi que minha familia não é muito de conversa. Não que eles sejam ruins ou chatos, não é bem isso, mas porque eles não são muito acolhedores mesmo. Claro que estranhei um pouco no começo, afinal um dos méritos de ser Au Pair é poder participar das atividades da host family e fazer parte como membro da família, mas no meu caso, não é bem assim. Eu não sou chamada pra jantar, eles não me convidam pra sair, não me incluem nas viagens e eu sempre tenho que perguntar qual será a minha schedule dos finais-de-semana. Agora você deve estar pensando: ai, coitada dessa menina! É, eu sei, é de dar pena mesmo. Mas já haviam se passado 05 meses e, como tudo nessa vida a gente se acostuma, eu me acostumei.

Mas só comecei contando isso tudo pra vocês entenderem melhor a minha história que aconteceu em um final de semana, há alguns meses atrás, quando o verão tava com tudo por aqui e eu resolvi sair com minhas amigas pra um festival de reggae em Delaware, há mais ou menos 1 hora da cidade onde eu moro. Como eu já disse, sempre pergunto como será meu fim de semana de trabalho para poder sair pra umas festinhas com as meninas e aproveitar meu FDS. Então, religiosamente, na sexta-feira sentei e perguntei quais dias ela precisaria de mim e ela respondeu: "sexta a noite e sabado de manhã". (ponto) Ótimo, o festival será sábado à tarde e eu vou poder ir, mas como sempre não contei nada pra ela, porque ela nunca se importou pra onde eu vou ou deixo de ir mesmo. Bom, sábado de tarde, terminei de trabalhar, peguei as meninas e fomos pro festival. Quando já estava na metade do show, por volta de umas sete da noite, minha host me liga dizendo que vai sair pra jantar e que precisa de mim as 8h!!! Como assim????? E agora? O que eu falo? Respirei fundo e falei: "Fulana, sinto muito, mas eu estou numa cidade vizinha, num festival com minhas amigas e não tenho como voltar pra casa até as oito horas..." (silêncio). De repente ela abre o bocão e começa a falar coisas que ela nunca tinha me dito na vida como: "você não pode sair da cidade num final de semana de trabalho, você não me avisou que tinha planos de sair, você tem que me comunicar antes e blá blá blá e precisamos conversar sobre isso!". Pois é, precisamos conversar mesmo, porquê se tivessemos conversado antes e ela me dissesse o que eu posso ou não posso fazer, nada disso teria acontecido, não é verdade? Nesse dia cheguei em casa e todos já estavam dormindo, então fiz o mesmo e rezei pra no outro dia de manhã ela nao me mandar de volta pro Brasil. Quando acordei, tomei meu banho e desci pra encarar a "tal conversa". Cheguei na cozinha e estavam todos lá no clima de domingo de manhã, fazendo o breakfast, aproveitei o clima, fiz cara de "por-favor-não-me-mate" e disse: "vamos conversar sobre aquele assunto agora?" e minha host me respondeu: "Vamos sim, mas não agora e não precisa fazer essa cara que eu não estou chateada com você, ok? Amanhã conversamos."
E mais um dia de ansiedade se passou, na segunda a noite sentamos eu, meus hosts e os papéis que eles fizeram as anotações das minhas atividades diárias e o que eu preciso saber a partir de agora e que eles nunca tinham me dito em 5 meses que eu estava lá. Conversamos, conversamos e conversamos e eu percebi que eles não são tao frios quanto eu imaginei e eles viram que eu não sou tão indiferente quanto eles imaginavam.

Claro que a conversa nao mudou a minha vida aqui, mas já me sinto mais a vontade dentro de casa e com eles. E foi isso, depois de achar que ia ser deportada pra casa no primeiro avião, eu vi que nada melhor do que uma boa conversa... mesmo que seja nos 45 do segundo tempo."

Rebeca around USA

E você? Já viveu alguma coisa parecida? Venha dividir conosco!

Rebeca Barreto é Au Pair em Moorestown, NJ há 08 meses.

5 comentários:

  1. Quando eu fui au pair, minha host family também não perguntava muito pra onde eu ia ou que horas voltava, etc, mas eu sempre gostava de avisar, just in case. Porque eu passei a entender que um dos motivos de ter au pair em casa é a flexibilidade, portanto podem surgir eventos previamente não planejados em que a host family precise da au pair, por isso que é sempre bom avisar se você tem planos de sair ou coisa do tipo. Na America, na China ou no Brasil, nada melhor do que a comunicação pra evitar futuros transtornos né! E que ótimo que a história de Rebeca teve um happy ending =)

    ResponderExcluir
  2. Rebeca, foi muito interessante você compartilhar essas coisas que aconteceram com você. Na verdade, a falha (ou falta) de comunicação acontece muito mais frequentemente do que imaginamos.
    Eu, por exeperiência própria, consigo olhar certas coisas com outros olhos hoje, depois de ter passado por tudo isso como Au Pair.
    Às vezes, a família também acha que a gente não tem interesse em conviver, enquanto a gente tá achando que eles não querem que a gente conviva. Aí é que começa todo o missunderstanding.
    E quantos às viagens, eu adorava que eles nunca me convidavam pra viajar, pois era um momento que eu tinha para fazer minhas coisas e ficar com a casa mais tranquila, sem host parents e crianças.
    Boa sorte na nova fase com a sua host family! E aproveite cada momento, pois passa muito rápido e não tem como voltar atrás.
    Beijos.
    Marina - Experimento Recife

    ResponderExcluir
  3. ai.... eu atorooonn falar de como eh aqui em casa! aqui em casa eu amo.. cada um na sua.. eu na minha eles na deles! e vou contar eu sou muito feliz que seja assim. mas nao pensem que minha familia eh daquelas que nao ta nem ai pra mim...
    eh que minha familia eh doida mermo e eu sou mais ainda.. ja tive esses problemas de desentendimento por nao conversar. minha host, apesar de eu ama-la de paixao eh mae de cinco filhos e adora de dar uma de joao sem braco e comer minhas horas.. quando fui passar o verao com eles em north carolina num resort por um mes, pensei que ia morrer do coracao de tanto trabalhar pq respirava minha familia toda hora e ela adorava isso pq eu sempre tava la ne?
    mas chegou um dia que eu nao aguentei e falei pra ela, conversei e disse que eu queria meu schedule e que ela tinha que respeitar quando eu tava off..
    mas aqui em cincinnati ainda tenho problemas de schedule com ela pq cada dia eh um dia e eh muito louco.. as vezes chego em casa no domingo onze da noite e encontro minha host sentada sem saber ainda a hora que vou trabalhar com o calendario na mao.. mas no fundo ja acostumei.. digo pra ela: se for mto cedo manda uma mensagem no meu celular que eu acordo..

    minha privacidade aqui eh tudo.. quase que impossivel com uma casa onde se vivem 8 ne? mas ela preza muito muito..
    eu nao sei se sou uma au pair chata mas nao sou daquelas que chego e vou ficar la conversando com meus hosts blah blah blah.. mas gosto de ta com eles, as vezes vou jantar com eles, saio com eles, almoco..mas eles nao me criticam quando termino meu dia e desapareco.. ou sumo na sexta so volto na segunda.. eles nao ligam, falam que eu tenho mesmo eh que sumir de la e que se eles fossem eu, nao ia querer ver a cara de ngm!
    isso eh mto relativo.. de se sentir confortavel.. aqui em casa eu me sinto sim, pra tudo, pra chegar e falar com eles e pra chegar e ir direto pro meu quarto sem falar..

    como marina disse, adoro quando eles nao me incluem nessas viagens.. O QUE NUNCA ACONTECE PQ SEMPRE TENHO QUE IR (SHIT).. mas ja aconteceu dela me deixar uma semana aqui sem fazer nada! e foi mto mto mto bom..

    ps: sete meses aqui ja.. pra vcs ta passando rapido?

    ResponderExcluir
  4. Eh meio complicado dar uma opiniao sobre a host de Rebeca, pq eu conheci a propria, em carne e osso!! E minha concepcao sobre ela nao eh la das melhores, ate pq eu bem sei de perto o que minha amiga sofre por causa desses horarios loucos nos finais de semana. Mas eh como eu sempre digo a Rebeca, aqui cada Au Pair carrega sua cruz e depois de alguns meses aprendemos a lidar com os defeitos alheios. No final das contas, a gente se acostuma e da metade em diante reza pra nao chegar ao final do ano aqui nos USA.
    Eu to a 4 meses, ja passei por rematch e to comecando a ver a vida com outros olhos...

    ResponderExcluir
  5. Sei bem como eh isso... aff a ansiedade de esperar a tal conversa entao mataaaa vc do coracao...

    ResponderExcluir